segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A morte do medo

Foi uma gota de sangue em forma verbal
Que sai da língua e entra na alma,
Desliza sobre o ar úmido do rancor
E deixa um leve cheiro de ferro velho
Que embriaga o mais feroz ébrio.

Foi uma gota de saliva em forma carnal
Que saiu da suja boca do teu texto.
Cuspido nas entrelinhas da página,
Molhando toda a pauta espiritual
E borrando as letras já esquecidas, o medo.

Teu medo ensangüentado e poetizado fugiu.
Cortado por foice cega e mal amada.
Lá no fim parou e morreu.
Não respira mais. Não existe mais.
O teu medo foi assassinado pelo momento.

E ai quando você conseguiu abrir os olhos,
Notou que o tempo havia te roubado.
Tão esperto e hábil, que nem notaste quando ele passou
E levou embora tudo que você tinha.
Sem haver escolhas, você apenas aceitou.

Agora sem o medo, perdeu-se e entregou-se.
Tava ai o carma da tua vida.
A sina do teu fim, do teu nada.
Encontrou o que não procurou.
Surgiu assim a tua guia, a coragem.

Nela você teve de prender-se,
Deleitar-se e descobrir que lá existe um amor.
E ai quando notou, ele tornou-se eterno.
Sacia-te com isso, e vive este prazer.
Descobre que tua vida é a coragem e não o medo...

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