segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Perdão mundo, pois pequei...

Perdão mundo, pois pequei.
Devorei todo o teu destino
E sem piedade, destruí o futuro que a ti pertencia.

Perdão mundo, pois pequei.
Derramei toda a tua água pelo vaso sanitário
E ainda, com ganância, derrubei todas as árvores do planeta.

Não renego o fato de ter sentido absoluto prazer ao fazer isso.
E não minto ao dizer que agora me arrendo,
Mas como vê, não há mais volta.

Foi gostoso demais poder despejar nas tuas veias de água
Todo o esperma e toda a sujeira que consegui jogar.
Foi empolgante poder queimar-te por completo,
Arrancando do fundo da terra tudo que era possível arrancar.

Mas meu maior orgulho foi poder fazer com que tu sumisse.
Consegui através de toda a minha prepotência, te esgotar
E sem saber o quão ruim seria, te secar até a última gota d`água.

Estou agora, num lugar sem sentido.
Pois sou um nada sem ti, e desse "nada", nada resta.
Aqui sou o presente sem tempo, sem luz, sem vento, sem amor.
Tudo se foi, e nada voltará.

Resolvi então pedir perdão e tentar conseguir voltar atrás.
Talvez não dê, mas se desse, iria fazer tudo diferente.

Em vês de construir prédios, plantaria árvores.
Ao invés de queimar uma mata, queimaria minha ganância.
No lugar de derramar um copo d'água, aguaria uma planta.

Talvez assim fosse. Ou talvez não.
Nunca sei quem sou, nem porque sou assim.
E na realidade, acredito que só peço ajuda no desespero.
E quando tudo estivesse bem, talvez eu até esquecesse disso tudo
E todo o mal eu voltaria a fazer...

Porém, mesmo já sendo tarde,
Peço perdão mundo, pois pequei...

Diêgo de Oliveira

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A morte do medo

Foi uma gota de sangue em forma verbal
Que sai da língua e entra na alma,
Desliza sobre o ar úmido do rancor
E deixa um leve cheiro de ferro velho
Que embriaga o mais feroz ébrio.

Foi uma gota de saliva em forma carnal
Que saiu da suja boca do teu texto.
Cuspido nas entrelinhas da página,
Molhando toda a pauta espiritual
E borrando as letras já esquecidas, o medo.

Teu medo ensangüentado e poetizado fugiu.
Cortado por foice cega e mal amada.
Lá no fim parou e morreu.
Não respira mais. Não existe mais.
O teu medo foi assassinado pelo momento.

E ai quando você conseguiu abrir os olhos,
Notou que o tempo havia te roubado.
Tão esperto e hábil, que nem notaste quando ele passou
E levou embora tudo que você tinha.
Sem haver escolhas, você apenas aceitou.

Agora sem o medo, perdeu-se e entregou-se.
Tava ai o carma da tua vida.
A sina do teu fim, do teu nada.
Encontrou o que não procurou.
Surgiu assim a tua guia, a coragem.

Nela você teve de prender-se,
Deleitar-se e descobrir que lá existe um amor.
E ai quando notou, ele tornou-se eterno.
Sacia-te com isso, e vive este prazer.
Descobre que tua vida é a coragem e não o medo...